Embora não seja muito comentada, a depressão em idosos é mais comum do que se imagina. Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2013 constatou 11,2 milhões de pessoas sofriam com a doença e que 11,1% do total de brasileiros deprimidos tinham entre 60 e 64 anos.
Essas informações mostram como as pessoas na terceira idade podem ficar vulneráveis à doença. A depressão é uma patologia grave, que, se não tratada, pode levar a outras doenças e até mesmo ao suicídio. Neste post, vamos falar sobre a depressão em idosos, mas, primeiro, vamos entender do que se trata o problema. Confira!
O que é a depressão?
A depressão é um transtorno mental grave caracterizado por tristeza profunda, perda de interesse, ausência de prazer, apatia, oscilações de humor, além de sentimentos de culpa e problemas de autoestima.
Vale lembrar que depressão é diferente de tristeza, pois é normal se sentir mal depois da morte de um ente querido ou após o fim de um relacionamento, por exemplo. A depressão é caracterizada por uma tristeza que não passa, pois muitas vezes a pessoa se sente desanimada, mas não entende os motivos.
Os sintomas podem variar de acordo com o grau da doença, pois ela pode ser tanto mais leve quanto mais severa. Falaremos dos sintomas mais adiante.
Quais são as principais causas da depressão em idosos?
As causas da depressão nem sempre são claras, pois ela pode ser consequência de uma série de fatores. A doença pode ter origem química, ou seja, ela pode ser ocasionada por falta de neurotransmissores em nosso organismo.
A depressão também pode ser causada por fatores genéticos — herança familiar — e psicológicos. Em idosos, a doença se caracteriza pelo estresse causado pelo avanço da idade. Pessoas mais velhas sofrem muitas perdas durante a vida, que podem deixá-las mais vulneráveis.
Eles perdem amigos, os filhos se casam, vem a aposentadoria e, com a idade, surgem doenças comuns à velhice. Além disso, muitos idosos costumam ser muito solitários, pois os filhos não visitam com frequência, e isso faz com que eles se sintam sozinhos, o que contribui para a depressão.
Aliás, o abandono familiar é um dos principais fatores que podem desencadear a doença em idosos.
Quais são os principais riscos e impactos da depressão na vida do idoso?
A depressão pode desencadear outras doenças. Além disso, pessoas que já sofrem de patologias graves, como hipertensão e problemas cardíacos, podem ter uma piora em seu quadro, caso sofram desse mal. O deprimido pode se isolar da família e dos amigos, o que contribui para o avançar da doença.
A depressão afeta diretamente a qualidade de vida dos idosos, pois uma pessoa deprimida não sente gosto pela vida. Ela não tem vontade de sair com os amigos, de fazer atividades físicas e nem sente necessidade de cuidar de seu bem-estar.
Caso o idoso não seja diagnosticado e não receba o tratamento adequado, a depressão pode levá-lo ao suicídio. Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de pessoas que atentam contra a própria vida é maior em quem tem mais de 60 anos de idade. Então, se você tem um familiar nessa faixa etária, é bom ter cuidado e ficar sempre por perto para identificar alguma mudança de comportamento.
Quais os sintomas mais frequentes e como identificá-los?
É comum que se pense que uma pessoa deprimida é aquela que chora o dia todo e nem mesmo sai do quarto. Bem, as coisas não são bem assim e frequentemente vemos casos de suicidas cuja família sequer desconfiava da depressão.
Alguém deprimido pode facilmente disfarçar a dor e continuar saindo com os amigos, rindo e fazendo suas atividades, sem que ninguém perceba que ela está doente. Embora seja comum que depressivos fiquem muito tristes e chorem com facilidade, a doença pode apresentar outros sintomas. Veja quais:
- apatia e perda de interesse: uma pessoa em depressão pode se sentir indiferente aos que estão ao seu redor e perder o interesse em atividades de que gostava anteriormente;
- irritabilidade: também pode apresentar um quadro de irritabilidade constante, perdendo a paciência sem motivo aparente;
- alterações no apetite: a depressão pode causar perda ou excesso de apetite. Então, se você tem um parente que emagreceu ou engordou demais em um período curto de tempo, talvez ele esteja deprimido;
- alterações no sono: o idoso pode começar a apresentar dificuldades para dormir ou excesso de sono;
- baixa autoestima: é normal deprimidos terem sentimentos de inferioridade e de não valerem nada;
- ideias suicidas: esse é um sintoma comum e que nem sempre é levado a sério. Pessoas em depressão podem ter pensamentos recorrentes sobre suicídio.
Claro que esses sintomas variam de pessoa para pessoa, mas é sempre bom observar mudanças no comportamento do idoso. Uma característica muito comum de um deprimido é quando você pergunta a ele o porquê de sua tristeza e a resposta dele é: não sei.
O que fazer quando alguém idoso na família apresentar quadro de depressão?
Se você identificar algum dos sintomas descritos acima ou mesmo outros e suspeitar que sua mãe, pai, avó ou qualquer outro parente sofra de depressão, incentive a pessoa a procurar ajuda médica. Como se trata de um transtorno mental, o uso de medicamentos nem sempre é o suficiente.
O tratamento é feito com uma combinação de uso de medicamentos e terapia, com psicólogo ou psiquiatra. Praticar atividades físicas e ter um hobbie também ajuda a melhorar os sintomas da depressão.
Nesse momento, o apoio da família é muito importante, pois, apesar de ser um transtorno tratável, a depressão demora a regredir. Por isso, o idoso deprimido precisa de atenção, carinho e paciência.
Não adianta dizer para o depressivo que ele deve ser forte, passar sermões e ficar nervoso, pois isso não ajuda. Se você quer ajudar, mostre à pessoa doente que está preocupado com a situação dela e que estará por perto sempre que ela precisar.
A depressão em idosos, como em qualquer faixa etária, tem cura, mas o carinho e a compreensão da família são primordiais para o sucesso do tratamento.
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Escrito por:
Marcus Vinicius Zorub Montanha – Diretor Técnico